Etapas do Design Thinking: Ideação e Prototipação
Esse é o terceiro artigo de uma série de três partes sobre Design Thinking e suas etapas, escrita por Eduarda Vilas Boas e publicado originalmente aqui, aqui e aqui.
Etapa 3: Ideação
Conexões, repertório e processo
Ideação é a nossa terceira etapa no processo de Design Thinking, onde começamos a achar alternativas para soluções dos problemas encontrados e definidos nas ultimas duas etapas.
Uma ideia é descrita como uma visualização, como a concepção, de algo. É a partir de uma ideia que muitas coisas passam a existir ou a acontecer, sendo que uma ideia é acessível apenas por meio da inteligência
Esse é o momento de reunir ideias para resolver problemas, e apesar disso parecer bem simples na verdade deve ser feito com processos e critérios bem estipulados. Toda ideia é válida, no entanto que não fuga do problema central. E por isso existe um Processo de Ideação que facilita que as ideias concebidas sejam focadas nesses problemas.
Processo de ideação
1. Desafio claro
Para começar a fase de ideação é importante ter o desafio do seu projeto bem definido, e que todos os envolvidos estejam de acordo.
2. Imersão e inspiração
É importante que façam uma revisão geral do projeto e dos principais pontos de dor e oportunidade mapeados na pesquisa. Além disso, é um bom momento para buscar referências de fluxo, componentes e interface.
3. Definição de ferramentas e participantes
Definir as ferramentas que serão usadas faz parte do planejamento da ideação, assim como escolher os participantes para cada uma dessas etapas.
4. Sequência de ideação
Na execução propriamente dita, você pode usar diversas ferramentas de ideação, mas é importante que elas estejam planejadas, levando em consideração o tempo, número de participantes, materiais etc.
5. Definição de critérios de quando parar
Seja pelo prazo, disponibilidade ou critérios de aceite das ideias geradas, é importante ter definido o momento de fechar o diamante e seguir com o processo.
6. Refinamento dos resultados
Depois da ideação, uma quantidade grande de potenciais soluções irão surgir. Aqui é importante fazer um novo processo de indexação e refinamento.
“Não é sobre o que é certo, é sobre o que é provável e possível.”
This is Service Design Doing, Marc Stickdorn et al
Ferramentas e Métodos
Existem muitas ferramentas que podem ajudar a organizar as ideias, principalmente em grupo, e que podem facilitar esse processo de alinhamento, algumas delas são:
• Benchmarking
Análise das melhores práticas do mercado, levando em consideração a área de atuação do seu produto, e também inspirações de experiência do usuário (no caso de produtos digitas).
• Mapa mental (Mindmap)
O objetivo principal do mapa mental é partir de um ponto central e explorar suas ramificações, pode ser usado para ideias ou para mapear problemas.
• Brainstorming
Método de ideação onde todos os envolvidos anotam diversas ideias, sem considerar o que é certo e errado e ignorando barreiras de negócio. O objetivo é gerar o máximo de ideias o possível, para depois refiná-las. Existem diversas variações e adaptações do brainstorming tradicional.
• 4x4x4
Ferramenta de brainstorming estruturado, na primeira rodada cada participante precisa escrever individualmente pelo menos 4 ideias; na segunda rodada, a equipe formará duplas e precisam chegar novamente em 4 ideias (usando as anteriores como base), e na rodada final o grupo todo precisa discutir as ideias e chegar em 4 ideias finais.
• Painel Semântico (Moodboard)
Um painel de referencias visuais, incluindo formas, cores, símbolos, referencias existentes de outros produtos etc. O painel deve indicar quais são as direções visuais do produto.
• 10 mais 10
A equipe deve primeiro trabalhar individualmente, com o objetivo de fazer 10 ideias (no total)já concretas do produto, em rascunhos e representações rápidas. Depois disso, cada um do time vai apresentar suas ideias e vão votar na que parece mais interessante, então é feita uma segunda rodada onde mais 10 rascunhos são feitos baseados na ideia selecionada. O objetivo é gerar alternativas e já se aprofundar na mais promissora.
• Crazy 8
É uma ferramenta em que cada pessoa da equipe deve escrever ou desenhar 8 ideias em um papel, em 8 minutos. Depois cada um apresenta o que colocou, e as pessoas da equipe devem votar nas ideias que acham mais relevantes.
• Workshop de ideação
O workshop é um momento onde somamos várias ferramentas e exploramos ao máximo o desafio proposto. Normalmente com a participação da equipe responsável e outros convidados (como cliente, usuários, outros designers, desenvolvedores etc…)
Conclusão
As primeiras ideias nem sempre serão as melhores, mas existem várias formas de polir as opções e chegar em um resultado satisfatório usando esses métodos, processos e ferramentas. As ideias boas estão por toda parte, precisamos apenas desenvolve-las de forma que se apliquem 100% ao nosso problema e propósito.
Assim, a ideação pode ser utilizada para a construção de projetos em todos os sentidos. Ela ajuda a dar uma cara às ideias e a selecionar o que realmente pode ser útil para o desenvolvimento de um negócio por ter lido!
Ideação: MVP
Um parênteses para uma prática que te ajudará a seguir em frente
Afinal o que é essa tal de MVP e como se encaixa na Etapa de Ideação do Desing Thinking?
A verdade é que até um produto entrar no ar e começar a apresentar resultados, tudo é uma incerteza. Todo o processo que fazemos é para minimizar estes riscos de adesão da solução.
E é ai que entra o MVP, sigla para Minimum Viable Product ou Produto Minimamente Viável, em português. Ou seja, o mínimo que precisamos fazer para atingir um determinado objetivo. É uma ferramenta de aprendizado, pois previne o desperdício de tempo e dinheiro construindo algo que ninguém pode ter interesse.
Por último, mas não menos importante, com o MVP, você pode obter um melhor time-to-market e ainda ter muito espaço para mudanças para dar ao seu produto a chance de evoluir e se tornar sua melhor versão.
“Elimine todo recurso, processo ou esforço que não contribui diretamente com a aprendizagem que você procura.”
Eric Ries, autor de “Startup Enxuta”
Tipos de MVP’s mais comuns
• Protótipos
Representações de baixa à alta fidelidade de uma solução digital promissora que passam por rodadas de entrevista e observação com pessoas usuárias, para levantar reações e interesse.
• Landing Pages
Basicamente é um site que apresenta a proposta de valor do produto, disponibilizando um botão para capturar leads (pessoas interessadas).
• Concierge ou Recepcionista
Usado para validar as hipóteses em um nível totalmente manual e sem produto, ajudando a compreender o interesse antes de qualquer grande esforço. O Airbnb é um exemplo de MVP que foi validado através de anúncio no jornal.
• Mágico de Óz
Simula a oferta de um serviço sem possuir suas funções ou processo estruturado, atuando de forma manual em partes do processo. Por exemplo: é oferecida uma integração entre duas plataformas, mas deixa invisível ao usuário de que está executando manualmente.
• Single Feature
Basicamente é quando é implementada uma única e mais importante funcionalidade de um produto para avaliar o interesse, uso e escala. Um grande exemplo é o Google, que nasceu apenas com a solução de busca.
• Duplo ou Teste A/B
Implementação mínima em dois formatos da solução para analisar a aceitação, a performance e a experiência das pessoas usuárias. Torna-se mais caro, por isso pode ser usado após outro MVP de menor investimento já ter validado o problema e a solução macro.
Conclusão
Ou seja os MVPs são basicamente testes rápidos que reforçam se aquele ideia, proposta ou projeto devem seguir em frente de acordo com as pessoas usuárias. Afinal quem decide o que é um bom produto ou uma boa solução são as pessoas usuárias e não os criadores, não basta ser bom e sensato apenas para nós.
Etapa 4: Prototipação
Testar é o que faz todo processo valer a pena
Última etapa do processo de Design Thinking, é neste momento que as soluções recém-criadas são tangibilizadas, testadas e verificadas na prática, ou seja, a Prototipagem. O foco é testar rápido para errar rápido, a um baixo custo; assim, é possível perceber rapidamente a visão dos usuários sobre um determinado produto ou serviço.
Desse modo, a prototipagem é uma comunicação, onde cada protótipo torna as ideias atuais visíveis e, portanto, permite que sejam discutidas. Ou seja, a prototipação possibilita a participação dos utilizadores finais clientes/usuários.
“Um produto bonito que não funciona bem é feio.”
Jonathan Ive, CDO na Apple
Testes: o que são e para que servem?
Testes são uma montanha russa de possibilidades, se seu protótipo confunde as pessoas, você se frustra. Se não gostam da sua ideia, você se decepciona. Entretanto, quando entendem sua solução ou concluem tarefas difíceis, você se sente nas nuvens!
• Teste de conceito
Com o objetivo de coletar feedbacks do que as pessoas usuárias pensam sobre a solução, é ideal para validar a ideia e o conceito do produto ao invés de validar se a interface é eficiente e clara.
• Teste de usabilidade
Com o objetivo de observar como a pessoa usuária entende e utiliza o protótipo a partir de tarefas pré-definidas, é ideal para identificar dificuldades e melhorias para o produto.
Estruturando um teste em 5 passos:
1. Definir os objetivos do teste
O que queremos aprender com o teste? O que queremos aprender? Quais são nossas preocupações? Por quê?
2. Roteirizar o teste: entrevista e tarefas
Como contextualizar o produto? Quais são as tarefas que as pessoas precisam executar? Todos estes fluxos estão prototipados? Como serão os testes (quais métodos e plataformas serão usadas?)
3. Recrutar as pessoas que testarão
Qual o perfil das pessoas que serão recrutado? Quem fará o recrutamento? Aonde faremos o recrutamento?
4.Colocar os testes em prática
Aqui o foco é executar, por isso, siga as mesmas etapas em cada rodada de testes, assim facilitará a análise dos resultados.
5. Identificar padrões para melhorias
Finalizada a bateria de testes, é hora de analisar os resultados. Use uma planilha de anotações preenchida durante ou no final do teste, isso já trará um mapa de calor das hipóteses validadas e das dificuldades identificadas.
E quais são as métricas mais relevantes para um Desing?
É importante avaliar a estratégia de um produto e ajudar a traduzir os comportamentos registrados em melhorias para o produto, apoiando na tomada de decisão das priorizações.
Conclusão
A criação desses modelos representativos permite demonstrar como um produto ou serviço deveria funcionar na prática e validar hipóteses junto aos usuários. Além te tornar uma ideia mais concreta e visível e assim conseguir estipular o que funciona ou não em um produto.
O Design Thinking busca novos caminhos para a inovação, uma abordagem criativa focada no ser humano que se baseia na multidisciplinaridade, colaboração e tangibilização de pensamentos e processos, para propor alternativas que levam a soluções inovadoras para negócios e pessoas usuárias.
Obrigada por ter lido!
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O conteúdo de estudo e de prática usado como base para esse artigo foi o HOW Bootcamps: Formação UX Design.