Organizações exponenciais — um olhar disruptivo sobre os negócios (parte 1 de 2)

[Informativo] Esse artigo foi desenvolvido em duas publicações para que você possa entender os conceitos por trás do modelo de Organizações Exponenciais, sua proposta, princípios, as transformações causadas pelo modelo, cases e, finalmente, suas características e atributos.

“Uma das questões-chave em um mundo exponencial… é que tudo o que você acredita hoje logo se tornará obsoleto, e por isso você tem de estar sempre se atualizando sobre as tecnologias e sobre as capacidades organizacionais.” John Hagel.

Em 2014, após 3 anos de pesquisas, Salim Ismail, Yuri Van Geest e Michael S. Malone — os dois primeiros, da Singularity University e, o último, um dos escritores de tecnologia mais conhecidos do mundo -, publicaram Organizações Exponenciais — por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito), livro que apresenta um olhar sobre os novos modelos de negócios, criados por empresas disruptivas e que estão revolucionando mercados com produtos inovadores em um ritmo nunca experimentado. Essas organizações possuem pontos de conexão: são tecnologicamente inteligentes, possuem alto poder de adaptação e abrangência e são capazes de transformações que vão além da inovação incremental.

Os três anos de pesquisas que culminaram no livro envolveram a avaliação de 60 livros clássicos de gestão da inovação — incluindo autores como Eric Ries, John Hagel, Clayton Christensen e outros -, entrevistas com executivos de empresas da Fortune 200, entrevistas e pesquisas com 90 empreendedores, entre eles Marc Andreesseen, Chris Anderson, Tim O’Reilly e Arianna Huffington, investigação das características das 100 startups mais bem sucedidas do mundo, incluindo as que fazem parte do Clube do Unicórnio (nome dado por Aileen Lee ao grupo de startups com valor de mercado estimado em bilhões de dólares) e informações com membros do corpo docente da Singularity University sobre a aceleração em suas áreas de atuação.

Antes das Organizações Exponenciais, o modelo tradicional das organizações.

Para os autores de Organizações Exponenciais, grande parte das organizações tradicionais possuem características similares:
— organizações top down e hierárquica
— orientadas a resultados financeiros
— pensamento linear e sequencial
— inovação ocorrendo principalmente a partir de dentro
— planejamento estratégico como extrapolação do passado
— intolerância ao risco
— inflexibilidade dos processos
— grande número de colaboradores
— controle de seus próprios ativos
— preocupação excessiva com o status quo

Posto isto, os autores apontam as características das Organizações Exponenciais.

Organizações Exponenciais — o que são?
Uma Organização Exponencial (ExO) é aquela cujo impacto é desproporcionalmente grande comparado às demais, devido ao uso de novas técnicas organizacionais que alavancam as tecnologias aceleradas.

No lugar de um exército de colaboradores ou grandes instalações físicas, as ExO’s são desenvolvidas tendo, como base, as tecnologias da informação.

Essas organizações apresentam a estrutura adequada para enfrentar o ritmo acelerado de transformações não lineares envolvendo tecnologia e comportamento social.

Um dos princípios das Organizações Exponenciais: utilização de recursos externos.
A escalabilidade é possível porque, ao invés de possuir ativos e mão de obra, as Organizações Exponenciais alavancam recursos externos para alcançar seus objetivos e, com isso, podem manter um núcleo enxuto de colaboradores e suas instalações não precisam ser robustas, promovendo a flexibilidade e otimizando as margens de lucro.

Outro princípio: coparticipação e inteligência coletiva.
As Organizações Exponenciais também usam dos princípios da coparticipação, utilizando a inteligência coletiva de clientes e potenciais consumidores para a criação de comunidades on e offline, onde estabelecem trocas e relações que vão da concepção de produtos até o seu desenvolvimento, passando por fases de validação de problema e de solução.

Waze: uma organização exponencial
Um exemplo de aplicação desses princípios pode ser notado no Waze: em vez de fazer investimentos em sensores de tráfego, os criadores do aplicativo aproveitaram os sensores de GPS dos celulares de seus usuários para capturar informações e dados do tráfego nas cidades. O que o Waze fez, portanto, foi apenas acessar as informações já disponíveis em dispositivos tecnológicos de propriedade de sua base de usuários, sem ter que investir para obtê-las.
Quando foi comprada pelo Google, em Junho de 2013, por US$ 1.1 bilhão, a empresa contava com pouco mais de 100 colaboradores, um número baixo se levarmos em consideração os 50 milhões de usuários do aplicativo. Isso só foi possível porque a organização não adotou o modelo linear e tradicional dos negócios, de priorizar a propriedade, mas, sim, o modelo disruptivo, usando informações já disponíveis para atingir seus propósitos.

Um novo mindset para os negócios
Por ter esse mindset em seu DNA — fazer uso das externalidades, baseadas na informação -, as organizações exponenciais tendem a superar suas concorrentes tradicionais na maioria dos setores de mercado. Ao acessar recursos externos, os custos do negócio tendem a cair significativamente. Um dos principais exemplos da utilização de recursos externos é o Google, que faz a busca por páginas na internet, mas, não as possui. Nesse caso específico, o custo marginal para a busca por páginas é zero.

Organizações exponenciais e as primeiras impressões dessa transformação no mundo dos negócios
– As estruturas organizacionais tradicionais foram desenvolvidas em um mundo onde imperava a economia da escassez, e nesse modelo, o conceito de propriedade funcionou bem, mas, quando pensamos na economia cauda longa, o acesso, compartilhamento e utilização da informação tendem a apresentar resultados mais satisfatórios.

– As grandes organizações têm sofrido os reveses desse mundo baseado na informação por conta de seu pensamento linear e pelo inchaço de suas estruturas, que as impedem de serem ágeis e de correr riscos.

– Além da expansão da tecnologia, é necessário que se aplique esse conceito no núcleo das organizações, em sua forma de entender o mercado e prover soluções.

As Organizações Exponenciais aprenderam a se organizar em um mundo baseado na informação e no pensamento não linear, por isso, possuem diferencial competitivo e maiores possibilidades de trunfo nesse novo mundo que está se delineando.

Obs. A segunda parte dessa matéria abordará os atributos que podem ser notados nas Organizações Exponenciais.

Renato “Minas” Buiatti