Querida futura geração — Entramos na onda da “produtização”
Artigo criado por Yasmin Conolly Carolino (Coordenadora de produtos na ClickBus|Futurista|Expert em Comportamento de Consumo|Mentora) originalmente publicado aqui
Futura geração, chegamos a quarta e última das minhas capsulas do tempo. Sabe o que foi mais emocionante em escrevê-las? Pensar que estou deixando um legado aqui sobre esse momento, e que daqui alguns anos vou poder reler esses textos e entender o quanto tudo isso de fato aconteceu (ou não) e o que de fato mudou de vez e se tornou o novo normal. Essa carta será um ode aos novos modelos de trabalho.
Já cheguei a falar em outros textos sobre mudanças tais como ressignificação de funções que de fato devem ser exercidas presencialmente, mitos sobre a eficácia do trabalho remoto e a priorização do mesmo — principalmente para funções administrativas — com empresas como a XP Investimentos por exemplo, declarando modelo de trabalho remoto por tempo indeterminado. Mas mais do que falar sobre o “como” esse trabalho vai ser realizado a partir de agora, quero falar sobre o que de fato muda nas funções e os “porquês”.
Vimos o surgimento e crescimento de startups no Brasil por volta de 2010, com a declaração do primeiro unicórnio brasileiro em 2018 com a 99 taxis. Com esse movimento de startups e com suas raízes do Vale do Silício, — de metodologias ágeis e descentralizadas — nos deparamos com uma tendência de mercado de transformação digital, adoção dos modelos de squads por empresas tradicionais e emulação da “cultura startup” em subdivisões de Labs, aceleradoras e áreas de inovação por volta de 2015, também em um cenário de grande crise econômica e com necessidade eminente de mudanças para se manter na liderança do mercado.
Agora, nessa fase de pandemia, e com a hype da cultura startup já mais consolidada no mercado brasileiro, ambos os clusters (empresas tradicionais e startups) estão em um dos momentos mais próximos da história. Ambos estão adotando uma visão cada vez mais “produtizada” e o grande foco da maioria delas tem se tornado as áreas de gestão de produtos. Agora a visão não é tão focada nas startups unicórnios ou nas empresas multimilionárias, mas sim nos profissionais cada vez mais capacitados e com visões mais completas que possam ajudar essas empresas a alcançar o próximo nível.
Pra quem está lendo isso em 2020, acredite em mim, 2021 será o ano do profissional que consegue ter visão multidisciplinar para criar algo novo. Olhar para gestão, tecnologia, dados, design, comportamento de consumo e marketing fará de você um “profissional unicórnio”. Piadas a parte, com esse cenário de crise econômica e recordes de desemprego pós-pandemia, se tornar um profissional mais completo e com uma visão mais ampla, de foco no cliente e capacidade analítica para tomadas de decisão, serão os principais assets.
Não falo isso porque estou nessa área não, até porque eu sempre fui uma profissional inquieta e fui mudando de área/função, ao longo desses 10 anos de mercado. Até porque, hoje isso faz muito sentido para mim, ano que vem ao que tudo indica continuará fazendo, mas pode ser que daqui alguns anos quando eu mesma estiver lendo essa carta, tudo isso tenha mudado. Na época do “boom” do modelo das startups em empresas tradicionais, eu estava em áreas de inovação e labs; agora estou em uma startup e trabalho com produtos, enfim, como diria o grande Raul “eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Independente de você estar lendo isso agora em 2020 ou em anos para frente, nunca deixe de analisar o mercado e entender as mudanças que ele está passando. Se comunique, seja curioso, aprenda com outras pessoas do mercado — obviamente, nunca perdendo sua essência e nem deixando isso afetar sua inteligência emocional — mas sempre agregando à você mais argumentos para se tornar um profissional ainda mais valioso no mercado e inspirador para as novas gerações. Se movimente junto com as mudanças, e seja a mudança que movimenta o mercado.